De uma forma ou de outra, várias áreas da biologia vão
de encontro com a genética em algum momento.
Apesar de termos tantas pesquisas e
descobertas relacionadas à genética ela é uma área nova, com menos
de 150 anos de existência. Mas o que É a genética? O mais comum é relacioná-la
à hereditariedade, mas o estudo dos fenômenos hereditários já vem sendo feito há
muito tempo na humanidade, um exemplo disso é o ato de selecionar os melhores
animais de produção e vegetais para se reproduzirem em busca de resultados mais
satisfatórios nas próximas gerações, descartando aqueles que não corresponderem
às “expectativas”. Na verdade, o objeto central de estudo na genética são os genes. Seja a nível molecular, celular,
de organismo, familiar, populacional ou evolutivo, no final das contas, os genes
são o foco. Foi em 1865, que um monge agostiniano, Gregor Johann Mendel (imagem acima), fez
uma série de experimentos utilizando ervilhas-de-jardim que indicaram a
existência de elementos que transmitiam as características dos pais (parentais) para os filhos (prole), hoje conhecemos esses “elementos”
como genes. A partir daí então, a genética como um conjunto de princípios e procedimentos
analíticos teve início, mas os resultados que Mendel conseguiu com seus
experimentos ficaram "engavetados" e só foram redescobertos em 1900, quando aí sim foi reconhecida a
sua contribuição e importância para a ciência através da repetição destes mesmos
experimentos por três cientistas, que obtiveram resultados idênticos independentemente.
O que é material genético?
Qualquer material biológico que possui
DNA (Ácido Desoxirribonucleico) ou RNA (Ácido Ribonucleico) é considerado material genético, são os ácido nucleicos. Mas o que é o “tal”
do RNA? O “tal” do RNA é uma cópia unifilamentar de um trecho do DNA (o
DNA possui dois filamentos), porém é uma “cópia funcional”, ou seja, enquanto o
DNA “guarda” as informações necessárias (imagine um livro de receitas que
possui somente as letras A, T, C, G – letras correspondentes às bases nitrogenadas, que também servem para diferenciar os nucleotídeos) para a síntese de
proteínas (leitura da receita e mão na massa para fazer o bolo), o RNA leva essas
informações, na forma de RNA mensageiro (mRNA), até o local onde ocorre essa
síntese, geralmente nos ribossomos do retículo endoplasmático (Retículo
Endoplasmático Granular ou Rugoso) ou nos ribossomos que estão no citoplasma.
Há também outro tipo de RNA, o RNA transportador (tRNA), que vai trazer os
aminoácidos (monômeros das proteínas) enquanto o ribossomo lê o mRNA e vão
sendo formados os polipeptídios, que posteriormente, um ou a união de vários, formarão as
proteínas.
Referência:
GRIFFITHS, A.J.F. et al. Introdução a Genética, 7ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S.A., 2002, 786p.
Se você está um pouco confuso não se preocupe, haverá novas
postagens com todo esse conteúdo explicado detalhadamente, o que você está
lendo aqui é só uma abordagem geral.
Lembra-se dos genes? Eles são trechos da
molécula de DNA que carregam as informações para a formação de alguma proteína,
sejam estruturais ou componentes ativos no processo celular, como as enzimas. Os genes podem ter várias formas, que são chamadas de alelos; enquanto o gene é um trecho na molécula de DNA o alelo é a forma desse trecho.
Por exemplo, você possui o gene para a característica do tipo de cabelo, e a população apresenta esse gene de duas formas, alelo A (crespos) e a (lisos). Mas nossos genes estão aos pares, pois somos organismos diploides - 2n (cromossomos aos pares), logo, teremos dois alelos do gene para o tipo de cabelo, podendo ser A com A; A com a; e a com a, mas o cabelo crespo é mais comum que o liso, então ele é dominante em relação ao liso, assim, quando você possui dois alelos diferentes A/a (heterozigoto), o A é expresso na forma de cabelos crespos, sendo o alelo dominante, mas o a não, sendo o alelo recessivo. A combinação A/A (homozigoto dominante) também resultará em cabelos crespos e a combinação a/a (homozigoto recessivo) em cabelos lisos.Em uma heterozigose (A/a) que somente a característica dominante é vista, é sinal de que o alelo é haplossuficiente, ou seja, um único alelo dominante leva ao funcionamento quase normal da característica. Mas quando você possui somente um gene dominante, ele também pode ser regulado para produzir mais daquela proteína, permitindo que você possua uma característica normal. Mas os tipos de dominância é assunto para outra postagem.
Agora
podemos começar a imaginar o tamanho da importância do DNA. O conjunto total de
informações contidas em todo nosso DNA (genoma), que está organizado na forma
de cromossomos, vai ditar as
nossas características! Obviamente que o ambiente em que vivemos e outros
fatores poderão influenciar na expressividade desses genes, ou seja, se eles
vão desempenhar seus papeis plenamente, ou haverá algum problema durante a leitura
da “receita” e nosso “bolo” possa sair um pouco diferente do esperado. Quando você olha um organismo, o que você está vendo é proteína ou algo que foi feito por uma proteína, e são os genes que carregam o código da sequência de aminoácidos dessas proteínas.
Resumindo tudo que você acabou de ler: o
DNA é transcrito em RNA (TRANSCRIÇÃO) > o mRNA carrega
as informações para os ribossomos > o tRNA traz os
aminoácidos ao ribossomo de acordo com aquilo que o ribossomo “lê” no mRNA (TRADUÇÃO)
>
os aminoácidos vão se ligando através de ligações peptídicas para formar os
polipeptídios >
um ou vários polipeptídios formam uma proteína.
Mais resumido ainda: DNA >
TRANSCRIÇÃO >
RNA >
TRADUÇÃO >
PROTEÍNA.
Figura ilustrando o processo de replicação (duplicação), transcrição e tradução (CÉZAR e SEZAR).
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Além disso, nosso DNA deve ter a
capacidade de ser duplicado para que possamos passar nossas características
para as próximas gerações e para que possamos ter uma cópia do nosso material
genético em cada célula (a maioria das células tem que ter uma cópia do “livro
de receitas” para que ela mesma possa fazer um “bolo”). Esse processo é
denominado REPLICAÇÃO e ocorre na fase S do ciclo celular, que veremos posteriormente.
Outra característica que também é atribuída ao DNA é a sua capacidade de MUTAÇÃO, mas espere um momento, mutação? Sim, mutação. Há processos que fazem com que ocorra a variabilidade alélica dos genes, mudando um pouco a "receita do bolo" de geração em geração(caso contrário todos os "bolos" seriam iguais), isso pode resultar em mutação ou não, surgindo uma nova característica, benéfica ou não, e aumentando a variabilidade da espécie. Além de aumentar a variabilidade, no decorrer do tempo, MUITO tempo, isso também é matéria-prima para a evolução.
Referência:
GRIFFITHS, A.J.F. et al. Introdução a Genética, 7ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S.A., 2002, 786p.
Obs.: sempre vou referenciar os textos, caso alguém queira se aprofundar no assunto ou ler mais a respeito.
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